O meu filho vai para a creche

O meu filho vai para a creche

Chegou a altura do regresso ou entrada na creche… tempos de alegria, entusiasmo e expectativas, mas que também podem gerar alguma ansiedade, tanto nos pais como nos filhos. Os receios dos pais passam sobretudo pelo bem-estar, segurança e integração dos filhos neste novo contexto, seja uma nova escola, uma nova educadora, novos colegas, um novo ano letivo, questionando-se: Será que vai ficar bem? Vai sentir muito a nossa falta? Será que vai chorar e o conseguem consolar? Será que percebem o que ele tem? E se se magoa? Fará amigos?

Por um lado, pode ser um alívio sentir que os filhos ficam bem entregues e que vai ter tempo para si, por outro, pode ser difícil separar-se dos filhos e deixá-los ao cuidado de outras pessoas, sobretudo quando eles ficam a chorar.

E não fica necessariamente mais fácil à medida que o tempo vai passando, ou de filho para filho. A este propósito ainda ontem me diziam “parece que custa cada vez mais”, “ainda não estou mentalizada”, “já é o terceiro, mas parece que é cada vez mais difícil”.

A ansiedade de separação faz parte do desenvolvimento infantil, podendo ser mais ou menos intensa consoante vários fatores, como o temperamento da criança e a sua segurança na vinculação aos pais. À medida que a criança cresce, se torna mais confiante e independente, cria relação com os educadores e colegas, e percebe que os pais vão e voltam sempre, a ansiedade tende a ir diminuindo. Cada criança tem o seu tempo e a sua forma de adaptação, e cada pai também. Às vezes decorre tudo de forma muito tranquila, outras vezes custa e demora mais, sendo necessário dar tempo para a adaptação.

Procure transmitir segurança e confiança, entusiamo pela nova fase, reconheça e respeite os sentimentos dos seus filhos, mas mantendo a firmeza e a confiança de que tem de ir e que vai ficar bem, e de que logo voltam a estar juntos.

Para aliviar a sua própria ansiedade converse com os educadores, ligue a meio do dia para saber como estão os seus filhos, faça uma adaptação gradual dentro do possível, começando por deixá-los menos horas e aumentando o tempo, mantenha a colaboração com a equipa e a confiança na mesma, use os recursos disponíveis na instituição sempre que sentir necessidade ou tiver alguma dúvida ou preocupação (sejam educadores, psicólogos, direção).

Ficam também algumas sugestões para facilitar a adaptação da criança:

  • Façam tudo com calma pela manhã para não gerar ansiedade
  • Comentem a rotina do dia (como vão, quando vão, como vai ser o dia e o regresso)
  • Preparem a mochila/saco juntos
  • Tragam de casa um brinquedo de afeto escolhido pela criança
  • Digam-lhe adeus e criem uma rotina de despedida que não seja muito demorada (por exemplo um beijinho na mão para o seu filho guardar até que venha buscá-lo)
  • Usem expressões e um tom de voz que mostrem entusiasmo e segurança. Deixe a mensagem clara de que vai ficar bem, de que o virá buscar e quando (ex. Tem um bom dia, brinca muito, o pai vai para o trabalho e vem-te buscar depois do lanche)
  • Faça a adaptação de forma gradual
  • Resista a voltar atrás para o “salvamento”, confie que ele está com profissionais com experiência e que tudo vai correr bem

Traduzido e adaptado de Reichlin, G., & Winkler, C. (2010); Dabkowska, M., Araszkiewicz, A., Dabkowska, A., & Wilkosc, M. (2011).

Joana Nunes Patrício

Joana Nunes Patrício

  • Licenciada em Psicologia pelo ISCTE-IUL
  • Mestre em Psicologia Social e das Organizações
  • Participação em projetos de investigação e intervenção social e comunitária na área da proteção a crianças e jovens em risco, na área da parentalidade, e na área da educação.
  • Membro da ISPCAN - International Society for the Prevention of Child Abuse and Neglect

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